Identificando as Manifestações Psíquicas e Comportamentais dos Familiares com Pacientes Internados em UTI Antes do Horário de Visitas

Por psicosaude
22-07-16 | 15:01

Pusch, S.R; Youssef, N; Oliveira C.M; Hilgemberg, C.E; Réa-Neto, Á.

 

INSTITUIÇÃO: UTI – Hospital das Nações; UTI Hospital trabalhador; CEPETI – Centro de Estudos e Pesquisa em terapia Intensiva; Curitiba- Pr

 

INTRODUÇÃO: O núcleo familiar deve ser compreendido como uma unidade, um sistema de leis internas de funcionamento e organização. A doença grave pode precipitar a desestruturação familiar e eclodir antigos conflitos que permaneciam latentes. A situação de crise vivida pelos familiares de pacientes internados em UTI pode ser observada pela desorganização das relações interpessoais.

 

OBJETIVO: Buscar aferir e compreender as manifestações psíquicas e comportamentais mais freqüentes no sistema familiar que tem paciente internado na UTI e relacionar o sentimento manifestado com o número de dias de internamento, ajudando assim o sistema familiar no enfrentamento da crise.

 

METODOLOGIA: Entrevista aberta semi-estruturada realizada antes do horário de visita; utilização de um protocolo para registro diário das emoções/comportamentos predominantes do sistema familiar. O protocolo consiste em 28 manifestações psíquicas pré-selecionadas ; número de dias de internamento. O critério de inclusão para a pesquisa consiste em que seja o mesmo familiar interrogado durante todo o período de internação do paciente.

 

RESULTADO: Foram abordadas 48 famílias, com média de internamento na UTI de 12 dias. As manifestações psíquicas e comportamentais mais freqüentes foram: medo real (46 famílias), durante os quatro primeiros dias – emoção ligada a um evento do mundo externo, a vivência da possibilidade da morte do ente querido; esperança (45), durante todos os dias de internamento – manifestação psíquica que demonstra a permanência de projeto de vida e expectativas frente a esta; ansiedade (43), durante os onze primeiros dias – emoção relacionada diretamente a antecipação de um evento estressante; impotência (38), durante os oito primeiros dias – sentimentos encontrado frente á impossibilidade de ação à situação vivenciada pelo familiar hospitalizado; insegurança (32), durante os cinco primeiros dias – sentimento relacionado a estados ansiosos, onde é possível identificar aspectos relacionados com a situação de doença e hospitalização; culpa (9), durante os três primeiros dias – manifestação da necessidade de reparo diante do paciente; raiva (7), durante os dois primeiros dias – este sentimento é direcionado à equipe médica e de enfermagem, quando o familiar tenta encarar a doença, as invasões ao corpo do paciente, as rotinas hospitalares, a morte entre outras.

 

CONCLUSÃO: O resultado deste trabalho aponta o medo real; a esperança como as duas emoções que mais prevaleceram no sistema familiar no período que o paciente esteve internado, mostra ainda que o medo real permaneceu durante os quatro primeiros dias o que nos remete a pensar na fragilidade humana. Já a esperança, esteve presente durante todo o processo de internação, confirmando ser um sentimento universal e amparador. A compreensão dos sentimentos que predominam no sistema familiar tem o potencial de auxiliar a equipe na diminuição dos processos ansiogênicos e proporcionar um clima amistoso e empático.

 

Fonte: Revista Brasileira de Terapia Intensiva – AMIB suplemento I – ano 2002. X Congresso Brasileiro de Terapia Intensiva.

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